domingo, 7 de março de 2010

20h20min

A exatamente uma semana atrás, a essa hora 08:20 da noite, o quarteto do Coldplay aparecia pela terceira vez no país e eu pude ver uma página da música ser escrita bem na minha frente, há poucos metros de distância. Caia uma chuva inconstante que ia e voltava mas que se fez presente a maior parte da noite. E que noite!!! Que show!!! E que bom que eu fui testemunha de algo que vai marcar minha vida pro resto dos meus dias e certamente também pra mais de 40.000 mil pessoas que estiveram na Apoteose compartilhando esse turbilhão de sentimentos junto comigo.

Eram quase duas da tarde quando cheguei na rua Salvador de Sá e uma fila com mais de 500 pessoas me aguardava. Gente dos quatro cantos do país e de outros países também, mas que se entendiam pela mesma língua: a linguagem de quem esperou meses a fio por esse dia e que reconheceu no outro algo de si próprio, algo que se concretizava em faixas, camisas, letras, vozes e outros sentimentos.
Às 16:05 os portões foram abertos e a praça da Apoteose triplicou de tamanho pra quem precisava correr feito um maratonista na São Silvestre pra conseguir um espaço razoável no melhor metro quadrado do local: a grade, a fila do gargarejo, onde se encontra aquela massa de fãs que fazem jûs a admiração e ao respeito pelo nome que levam estampado no peito, e que puderam ficar cara a cara acompanhando cada acorde, cada letra e cada melodia que saia daquele palco e ia de encontro com a ansiedade e a alegria de cada um de nós.

Depois da abertura da curitibana Vanguart e da inglesa Bat for Lashes, o público teve os ânimos preparados com "Magnificent" do U2 e mais três outras músicas sendo a última delas "Danúbio Azul", aquela clássica típica dos bailes de formatura (tanãnãnãnã nãnã nãnã) - pode parecer ridículo, mas isso sendo acompanhado com palmas insandecidas de 40.000 mil pessoas ficou com um efeito estrondoso. Incrível mesmo.

Eis que logo após isso, ao som intrumental de "Life in technicolor", o quarteto sobe ao palco com faíscas nas mãos e já seguem com uma sequência matadora: "Violet hill", "Clocks" (e seus lasers fulminando a platéia), "In my place" (ruindo as minhas bases) e "Yellow" com seus balões gigantes nas mãos do público, iluminado por potentes refletores amarelos. Definitivamente: "and it was all yellow".
Os balões de "Yellow":
Logo na sequência foi a vez de "Glass of water", seguida de "Fix you" que, ao contrário do título, desconsertou e tirou do eixo 90% da audiência. Em seguida foi a vez de "Strawberry swing" cantada com uma bandeira brazuca hasteada no pedestal do microfone.

Logo após isso, eis que surge nos alto-falantes a música "Singing in the rain" e o grupo desce as escadas e fazem todo o percurso ao redor das arquibancadas. Dando a mesma atenção que foi dada à Pista VIP para aqueles que estavam em locais mais distantes do palco. Após isso, instalados na passarela secundária, vieram seguidamente: "God put a smile upon your face", "Talk" e "The hardest part". "Shiver" também apareceu nesse meio tempo, o que levou a Apoteose à loucura depois de tanto ser gritado e pedido "Shiver", "Shiver", "Shiver" desde o início da apresentação.

Mas foi com "Viva la Vida" que a Apoteose veio abaixo. Procurem os muitos vídeos dela no You Tube e vão entender o conceito de massa. O famoso grito de "ôôôôôôôô ôôôôôôô" do refrão também foi outra constante no show inteiro e inclusive depois do mesmo ter terminado. Quem saiu pelas ruas circunvizinhas ao sambódromo naquele horário pode ouvir esse mesmo grito sendo entoando pelos fãs que deixavam a praça e iam repetindo esse hino em todos os lugares: pontos de ônibus, táxis, ruas, enfim. Cenas para ficarem marcadas na memória mesmo, nunca vi nada parecido.
"Lost" veio em seguida. Depois "Lovers in Japan" e sua tão esperada chuva de borboletas, um pedaço mísero de papel ou plástico que tem um valor inestimável para os fãs, uma vez que é literalmente um pedaço do show que pôde ser levado pra casa e que ajuda a relembrar tudo o que foi visto e sentido naquela noite.
A novíssima "Don Quixote", feita especialmente para a turnê latina, também se fez presente na apresentação, junto da já bastante conhecida do público fiel "Politik". Terminada essa parte o palco ficou vazio, nenhuma luz, nada. Minutos depois: "The scientist" e sua batida dramática e melancólica vieram anunciar o final da noite, seguida por "Death and all his friends" e a última "Life in technicolor II".

Confesso que me belisquei por vários momentos e ficava me dizendo o tempo todo: "putaqueopariu, é Coldplay... é tudo que ouvi nos últimos 10 anos quase todos os dias e eu tô aqui vendo e ouvindo tudo ao vivo como eu nunca imaginei que fosse presenciar". Até hoje, uma semana depois, fico lembrando e imaginando, feliz da vida e com um sorriso idiota na cara, porque sei que estive num dos melhores shows dos últimos anos, uma mega produção como eu nunca havia visto e que conseguiu fazer o impossível: me tornar ainda mais fã da banda. Será possível isso?! Lhes digo que com toda certeza é sim. Valeu cada centavo que poupei e investi para estar exatamente no local onde estive e viver, ver e sentir tudo o que passei. Só quem é fã de verdade e esteve por lá entenderá o que quero dizer. Saí daqueles portões sentindo algo que não sei que nome se dá, por isso não vou tentar classificá-lo ou nomeá-lo. E que venham os próximos, farei o possível e o impossível para estar em todos. Vida longa a banda, vida longa ao fãs. Viva la Vida.

sábado, 6 de março de 2010

Apostas sejam feitas

Ponham as fichas na mesa e torçam, cinéfilos. Amanhã é noite de entrega do Oscar. Essa festa longa e chata que eu insisto em assistir todos os anos. E como tradição não se questiona, vou listar aqui a minha seleção de prováveis vencedores. Porém esse ano farei diferente, em cada categoria vou listar dois indicados: aquele que eu queria que ganhasse e depois aquele que eu acho que vai ganhar. Não podemos esquecer que 90% de qualquer premiação americana está intrisecamente ligada à política e com isso muita injustiça é cometida ano após ano. Alô, Tarantino!!! Alô, Ang Lee!!! Aquele abraço!!!

Começando com o que interessa de fato:


- Melhor filme:


Quem eu acho que vai levar:
Avatar. Alguém aí ainda duvida que o filme espetáculo/evento do ano (quiçá da década) não arremata essa? É com 99% de certeza e com um aperto no coração que afirmo isso. Avatar gerou muito lucro pra Hollywood. E o Oscar é um prêmio da "indústria" cinematográfica, nada mais óbvio do que retribuir àquele que impulsionou em mais de 2 bilhões a alavanca dessa fábrica sedenta por dinheiro. Enfim, posso morder minha língua forte amanhã, mas política é política. Avatar, é tua a taça.

Quem eu queria que levasse:
Bastardos Inglórios. Desde Pulp Fiction que eu tô com essa vontade reprimida de ver o Tarantino subindo no púlpito fazendo justiça depois dessa espera imensa dele em não ter o seu talento reconhecido pela academia. Bastardos é sim um excelente filme, não tão "glamuroso" e "espalhafatoso" quanto Avatar, mas infinitamente mais completo em todos os sentidos: roteiro, direção, atuação, etc. Posso estar me iludindo, mas eu ia dormir muito mais feliz caso isso realmente acontecesse.

- Melhor diretor:

Quem eu acho que vai levar:
James Cameron. Simplesmente por ter criado um épico grandioso como eu já disse e como quase todo mundo pode conferir nas telas. Por construir todo um aparato tecnológico diferente de tudo o que já foi feito até hoje e inventar um novo universo repleto de possibilidades. Essa premiação eu aceitaria calado, até mesmo porque se justifica, apesar de eu estar torcendo para que outro indicado ganhe...

Quem eu queria que levasse:
Quentin Tarantino. Isso mesmo. E paro por aqui, não vou ficar me repetindo. Mas Taranta, pelo menos pra mim, é o maior diretor dos últimos tempo e não adianta tentar me convencer do contrário.

- Melhor ator:


Quem leva:
Não vi o filme, mas pelo que ouvi e pelo que li nas últimas semanas, Jeff Bridges é o mais cotado.

Quem eu gostaria: Morgan Freeman.

- Melhor ator coadjuvante:

Quem leva: Com toda certeza,
Christoph Waltz.

Quem eu gostaria: Feliz da vida eu repito,
Christoph Waltz. O vilão mais carismático de toda a história do cinema. Tanto que quase torcemos para ele se dar bem no final, o que de certa forma acontece se você for parar pra pensar. Uma suástica na testa não é nada pra quem estava prestes a morrer.

- Melhor atriz:

Quem leva:
Carey Mulligan.

Quem eu gostaria:
Carey Mulligan.

- Melhor atriz coadjuvante:

Quem leva:
Mo'Nique. Dramalhão denso e pesado assim sempre sai na frente.

Quem eu gostaria:
Na verdade não torço por ninguém nessa categoria, quem ganhar não vai fazer diferença pra mim.

- Melhor Roteiro Adaptado:

Quem leva:
Amor sem escalas.

Quem eu gostaria:
Distrito 9.

- Melhor Roteiro Original:

Quem leva: O mensageiro.

Quem eu gostaria: Bastardos Inglórios. Bastardos Inglórios. Bastardos Inglórios.

-
Melhor Filme Estrangeiro

Quem leva: A fita branca.

Quem eu gostaria: A fita branca.

- Melhor animação:

Essa é a categoria mais certa de todas. São 5 os indicados pra melhor animação. Desses 5, um só também está indicado na categoria de melhor filme. Logo, melhor animação só pode ser dele. Aliás, deles. Vai ser da Pixar pela milionésima vez consecutiva. Mais do que merecido diga-se de passagem.


Listei aqui apenas as que mais interessam. O resto, com todo meu respeito pelas demais categorias, é pura balela e enrolação. Agora é lançar a sorte e esperar até amanhã.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Retiro o que eu disse no post abaixo

Pelo menos em parte. Existem certas coisas complexas, mirabolantes e complicadas que causam fascínio na gente tamanha é a confusão mental que fica martelando a nossa cabeça dia após dia, no caso, episódio após episódio. E eu estou falando de... de... ãh?... ãh?...

Lost, é claro.

E se prepare que em 2010, mais conhecido como "o ano em que Lost acaba", você vai ouvir/ver/ler muita coisa relacionada a essa que é de longe a melhor coisa já feita/vista na história da televisão. E creio que nesse posto ela vai permanecer por muitos e muitos anos. Afirmo isso sem receio nenhum, pois não há... NÃO HÁ... NÃO HÁ... nada minimamente parecido ou no mesmo nível de Lost. Concordo que exista muita série boa por aí também, algumas que nos fazem rir, outras nos fazer verter uma lágrima ou outra, algumas fazem as duas coisas, outras nos assustam, nos surpreendem, nos questionam, põem em cheque nossos valores e pontos de vista, enfim, a lista é imensa, e todas elas merecem seu reconhecimento. Mas Lost é a única que traz consigo toda essa gama de sentimentos. Em um único capítulo temos comédia, drama, suspense, aventura, absolutamente tudo, em doses certas e no ponto exato pra causar o efeito necessário e não cair no exagero em momento nenhum. Sem falar no roteiro absurdamente inteligente e inovador que te prende amarrado e acorrentado, tremendo e suando pra ver o que vai acontecer logo em seguida. Isso tudo, é claro, se você acompanha a série desde o piloto, porque do contrário - e esse é o maior problema pra quem se aventura a assistir um episódio ou outro por acidente - você não vai compreender absolutamente nada, vai achar aquilo tudo um tremendo tédio e sem próposito algum de existência. E pior, vai ficar sem conhecer uma obra que já nasceu clássica e épica desde a sua concepção. E eu como telespectador, fã e admirador de JJ Abrams e de Lost tenho orgulho, orgulho mesmo, de ter nascido e vivido pra ter visto isso desde o início e acompanhado fervorosamente até o final. Ela foi e é algo que com toda certeza marcou a história da tevê, do cinema, da linguagem audiovisual e de tudo que perpassa esse mundo, seja pelos números estratosféricos de audiência, de orçamento em cada episódio, seja em termos de qualidade, o que de fato é inquestionável.

E que venha 02 de fevereiro. A última temporada (finalmente?) vem chegando, e é com uma mistura de ânsia e pesar que espero por essa data, por esse tão aguardado final que o destino insiste em chamar.


PS - Eis a última imagem promocional divulgada na imprensa com os personagens em uma menção à "Última Ceia " de Da Vince. Detalhe: com Locke no lugar de Jesus Cristo; Saiyd como Judas; Sawyer fazendo as vezes de Pedro; Jack como Tomé (aquele que só acreditava vendo, sugestivo?); e Kate onde "supostamente" estaria Maria Madalena... Vai entender o que JJ pretende com isso... Boa coisa é, garanto.

PS 2 - E o vídeo promo, fazendo um resumão preparando os ânimos para o que vem pela frente:


PS 3 - E uma gravação feita no painel da série na Comic Con do ano passado e que em 30 segundos me fez arrepiar até os fios de cabelo do dedão do pé:

Parei no tempo

E deixei minha mente e minha alma sozinhas a andar por aí ao ouvir essa música do vídeo logo abaixo. Digo e repito sem medo nem dúvida nenhuma: coisas bem feitas não precisam ser densamente pensadas, repensadas, muito elaboradas e conplicadas. O difícil mesmo é ser simples, objetivo, direto. Pegar o que já é conhecido e usual e fazê-lo parecer novo. Isso é um exercício que poucos, muito poucos mesmo, conseguem alcançar. Mas Marcelo Jeneci e Laura Lavire, felizmente, conseguem... E é à respeito disso que me refiro:

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Sou daltônico

É o que afirma o teste que encontrei neste endereço. É claro que não dá pra confiar 100% em tudo que se encontra na rede, a credibilidade desse tipo de site é mínima. Cada um escreve o que quiser e faz o que bem entender, cabe a nós ter discernimento pra julgar o que é válido ou não. Mas eu pûs o teste à prova, fiz não apenas comigo mas com mais algumas pessoas também. E não descobri nada que eu já não soubesse, apenas o que já era de meu conhecimento: sou daltônico sim. O que eu não sabia é que havia níveis pra isso, não sei em qual me encontro, mas cheguei na metade do teste e parei, empaquei e não consegui identificar mais nada.

Mas angustiado mesmo eu fiquei quando me deparei com as fotos abaixo. Me juraram que tem números ai dentro, eu duvido muito, não vejo nenhum... meus olhos deram pra me enganar agora:





domingo, 20 de dezembro de 2009

Fui ver "2012" ontem

Na primeira sessão do sábado à tarde, àquela semi-vazia, sem tumulto, sem espera na fila, sem conversas vindo da poltrona ao lado, sem aqueles chatos pra disputar contigo a posse do braço da cadeira, sem o celular dos outros tocando nas horas mais indevidas. Enfim, a sessão em que tu vai e levanta as mãos pros céus agradecendo depois. Certo? Errado. Estamos em dezembro, no auge das férias escolares. E um verdadeiro pandemônio foi o que encontrei por lá.

Enquanto o mundo desabava, literalmente, na telona, minha paciência ruía e seguia o mesmo caminho da Terra em 2012 dentro daquela sala escura, barulhenta, quente e cheia de gente que paga pra fazer de tudo, menos ver o filme e ainda tentam impedir que quem quer vê-lo consiga tal feito.

Confesso que essa experiência toda me fez enxegar o filme com uma má vontade enorme. Pelo que pude acompanhar, 2012 é praticamente "O dia depois de amanhã" refeito a partir de outro contexto, com uma nova desculpa pra justificar a mesma coisa: o mundo sendo destruído do mesmo jeito, seguindo a mesma lógica de aniquilação, com os mesmos efeitos, já encaminhando prum final completamente previsível. 2012 é um filme que é puro efeito especial, vazio de conteúdo e não deixa mensagem nenhuma - e dúvido muito que ele tenha tido essa pretensão. E pronto, não lhe resta mais nada de valor. Perdi tempo, paciência e dinheiro.

E se já não bastasse minha frustração com isso tudo, eu chego em casa e encontro o quê? O quê? A família inteira na sala de casa, sentada e reunida pra ver o quê? O DVD pirata de 2012 recém chegado na locadora da esquina... Ah, vá!?!?!? Paciência!!!

sábado, 19 de dezembro de 2009

88 dias depois...

Cá estou aqui de novo. Retirando o pó, a poeira e as teias de aranha com este post pra dizer que sim, estou vivo sim. Mais relapso do que nunca, mas ainda firme aqui. E essa longa ausência tem nome: arrumei um emprego; um sobrenome: arrumei um segundo emprego; e um apelido: a facu testando minha sanidade mental toda semana. Mas... mas... agora estou de férias. Teoricamente de férias, melhor dizendo.

Pois bem...

Voltei.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

"Strawberry Swing" do Coldplay

É o clip mais criativo e ao mesmo tempo o mais simples que eu vi nos últimos anos. Somos obrigados a admitir que as melhores idéias surjem de fato das coisas mais simples e mais comuns possíveis. Um desenho feito à giz num quadro negro, o ângulo certo da câmera, um tanto de efeito gráfico e pronto, aí o temos:

domingo, 6 de setembro de 2009

Preciso me formar

E logo. Preciso me formar e arrumar um emprego de oito horas por dia, que me permita dormir por mais oito horas, viver acordado mais oito e que me pague suficientemente bem pra ficar pelo menos na média daquilo que a maioria dos brasileiros conhece por "viver bem", sem cair no sufoco eterno de cada mês e sem ser preciso me equilibrar na corda bamba das taxas, contas, impostos e etc.

Preciso de um dia - um dia apenas - pra sentar na calçada, conversar inutilidades até tarde e acordar sem ter um itinerário pronto pra ser seguido nas vinte e quatro horas seguintes. Um dia pra colocar o mundo inteiro em off e me mandar sem nada nas mãos pra qualquer outro lugar em que eu não seja obrigado a nada, nem a dizer quem sou, nem a dar bom dia, nem nada.

Preciso de um tempo pra falar menos de "epistemologia", de "anormalidades", dos problemas sociais que irão sempre existir já que o homem existirá sempre também (então deixa eles por hoje), da saúde no Brasil, das políticas e seus derivados, de tentar encontrar um sentido por trás dos comportamentos, em provas, seminários, enfim. Preciso de um tempo pra aprender a mexer com fotografia, dominar a linguagem de Libras, pisar nas terras que ainda não estive fisicamente, entender a lógica técnica que sustenta o cinema, conhecer as variáveis da vida na prática e não discutí-las numa sala com mais quarenta pessoas que também precisam de tempo pra fazer e aprender o que querem. Então chega 2012, chega logo de uma vez, que um dia isso tudo vai fazer muita falta (eu sei), mas por hora quero mais é que isso encontre um fim, um fim que certamente há de servir de começo pra muita coisa ainda. Pelo menos foi isso o que me disseram. E assim espero que seja.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Culpa é um negócio muito estranho mesmo

Muito nosso e ao mesmo tempo muito indesejável também. Você passa os dias esperando que nunca a tenha e se boicota o tempo todo com desculpas esfarrapadas para escapar dela, mesmo quando se está encoberto com ela até o pescoço. E quando finalmente se dá conta da real situação em que se encontra, essa culpa que estava inativa deixa espaço pra um arrependimento sem tamanho que consome você pedaço por pedaço, primeiro mente, depois corpo, sem pressa nenhuma, até que o tempo colabore e faça o favor de colocar em stand-by esse estado corrosivo e ácido que nos torna carrascos de nós mesmos.

A verdade é que ninguém admite ou se sente confortável para se afirmar dessa forma. A frase: "A culpa é minha" não é algo que sai da boca com muita facilidade e nunca é dita com orgulho, nunca é finalizada com um sorriso no rosto. Culpa é meio como um defeito ou uma ferida no ego que todo mundo prefere manter a uma certa distância, mas que teima em ficar cada vez mais perto, nas mais diversas ocasiões, mesmo quando não se faz perceptível, dando as caras somente horas ou dias depois do evento causador, mas que quando aparece tem efeito e força suficiente pra permanecer viva e incômoda por muito tempo. É como se ela guardasse e conservasse o seu poder dentro de cada um, esperando o momento certo de vir à tona, liberar o seu potencial e nos mostrar como nos enganamos, como somos cegos à respeito de nós mesmos, como podemos nos surpreender com o que fazemos, no exato instante em que encaramos os fatos e vemos as falhas e as injustiças que cometemos ao longo da vida.

Porém, excetuando todas as conotações negativas, essa culpa possui grande valor quando nos obriga a fechar os olhos e ver o lado de cá da nossa existência, nos ajudando a nos compreender melhor, a entender porque fazemos e dizemos coisas nos momentos mais inapropriados e inoportunos, e como somos “culpados” novamente em não fazer isso mais vezes, em não se dar conta de como essa auto-reflexão faz falta, em ignorar a lógica e a certeza de que esse exercício evitaria muitas situações e sentimentos como esse caso ele fosse mais utilizado. Utilizado no momento certo, na hora em que ainda é possível evitar essa culpa e não mais quando o que resta é só lamentação e arrependimento.